A primeira década do século XX foi
um período de audaciosa experimentação. Novas musicas, novas danças, novo
cenário social. A mudança do figurino feminino, com formas mais soltas, deixou
o espartilho Eduardiano para trás e incorporou uma nova forma de ver a mulher.
A "usabilidade" passou a ser uma preocupação.
Em 1905, proibiu-se o comércio de penas de pássaros silvestres, o que
obrigou as Milliners a utilizar penas sintéticas para ornar os chapéus. Por
conta disso, o uso das penas foi substituído por outros adornos, principalmente
entre as moças mais jovens, que agora reduziam o tamanho do chapéu adaptando os
pequenos bowlers masculinos com acabamentos femininos, como o véu e a touca,
normalmente usada com flores.
Os modelos inovadores de Paul Poiret, o estilista mais importante do
inicio desse século, contribuíram para o estado de espirito da moda na época. O
designer produziu, em 1913, uma coleção excêntrica com túnicas, calcas de
odalisca e turbantes, que ficaram extremamente populares.
Por iniciativa de Poiret, o turbante, que fora popular nos primeiros anos do século XIX, voltou a ganhar seu lugar, mas de uma nova forma, vistosa e prática. De certa forma, o turbante, de cores vibrantes e exóticas, fazia referencia direta as mulheres languidas e extravagantes do oriente. Ele era o acessório diurno ideal. Simples e pratico, veio substituir as toneladas de plumas e pedras que dificultavam a vida das mulheres ativas desse novo momento que o mundo vivia.
|
Simone de Beauvoir, retratada no filme "Les Amant du Flore", usando seu turbante obrigatório. |
Há quem chame de "tesourada do século" a do cabeleireiro
parisiense Antoine, em 1917. De fato, no plano simbólico, foi mesmo uma
verdadeira revolução de costumes. As mulheres ganham as ruas, bebem e fumam em
público, e passam a realizar trabalhos considerados masculinos. Elas estão em
busca de uma vida mais livre e de participação politica. Além disso a guerra
provocou a escassez de produtos de higiene e do tempo dedicado aos penteados
elaborados. Saem os coques altos, fofos, sob chapéus mirabolantes e entra o
estilo Chanel - cabelos curtos, o pequeno canotier
e roupas confortáveis, de corte masculino.
Os novos cabelos também proporcionaram o uso de outros tipos de acessórios
de cabelo, os penteados femininos se simplificaram, e, por consequência, também
os chapéus, que ficaram mais encaixados na cabeça e perderam seus adornos
exagerados. O chapéu era usado com ornamentos apenas em ocasiões especiais,
como casamentos e velórios, uma vez que a vestimenta feminina deveria ser, em
qualquer ocasião, funcional e discreta.